segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Você luta, você cai. Chora e enrosca-se em si mesmo. Foge da própria sombra por medo do que isso possa significar. É mais fácil fechar os olhos.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

don't even feel sorry about it

você come todo o tempo quando está em casa porque não sabe o que fazer. as vezes você chora enquanto cutuca a comida com um talher porque não pensar em tudo isso ainda dói e comer só ajuda no começo (você não sabe o motivo, mas sabe que foi assim).
você sente como se tivesse perdido pedaços desde que saiu da cama, como se você tivesse morrido um pouco quando escovou os dentes ou quando colocou os tênis ou quase subiu no ônibus. você sente como se morresse aos pouquinhos e você acha que um dia você estará fazendo algo completamente normal e cairá morto e ninguém saberá explicar até que alguém diga não, vocês nunca vãoa char um motivo para essa morte porque ela começou há muito tempo atrás e foi acontecendo em pequenas doses tão casuais e tão insignificantes que foi uma grande surpresa no final.
você não é tão forte como pensou e sabe, não parece ter motivo para levantar de manhã mesmo que tudo esteja indo muito bem, obrigada por perguntar e, sim, você que a sua vida é boa e que uma porção de gente mataria para ter uma vida assim (ainda que não acredite nisso, vivem repetindo e meio que fica na cabeça). mesmo sendo uma escolha você não consegue encontrar o momento em que a fez, o que faz com que pareça meio injusto e nem um pouco como uma escolha o modo como tudo parece estar indo de mal a pior e como tudo dói e nada nada é seguro.
você não sabe a razão, mas domingos doem mais.
você sabe que soa mais dramático do que deveria e que qualquer um diria para tomar vergonha nessa cara e arrumar o que fazer, mas não é tão fácil e nunca foi e você não sabe como todas essas pessoas fazem de uma maneira que parece tão simples e quase instintiva. você tem certeza que aquele cara do livro estava certo e vocÊ sente como se tivesse perdido algo importante da lição e nunca fosse alcançar o resto da classe. você não sabe o que fazer com a sua vida e não existe um manual mesmo com todo mundo dizendo exatamente o que fazer e como fazer e como ser e como pensar e como se vestir e como se tornar igual igual igual e isso dói. porque mesmo sem saber do que você está atrás. você teme essa sensação que grita errado o tempo todo e você sabe que não quer apenas estar lá.
além de tudo tem essa urgência de colocar em palavras esse sentimento de vazio misturado com tristeza e alguma outra coisa que você duvida que alguém já tenha descoberto o que é. é terrível como se, caso não pudesse transformar o sentimento em adjetivos, verbos, substantivos e afins, talvez (talvez!) ele se tornasse maior, pior, mais forte e terrivelmente mais letal.
você sente o aperto no peito quase o tempo todo e, sim, obviamente isso é só uma reação química, mas não é como se pudesse controlar apenas porque você odeia a sensação de estar sufocando, sufocando e sufocando todo o tempo como como quando você está sozinho na piscina e você sabe que só pode ir até metade onde a parte mais funda começa porque você não sabe nadar. você ir apenas até o limite e ficar exatamente onde é o fim ou o começo por alguma razão não muito inteligente e você pensa é seguro, eu posso ficar aqui, é seguro. e você escorrega e não é mais seguro, sem conseguir encostar os pés no chão e afundando as vezes e tentando não afundar e sentindo o desespero crescer, sabendo que não é seguro e que talvez nunca tenha sido. e você olha em volta, sabendo que não tem ninguém, sabendo que gritar é inútil, que não tem quem chamar ou como chamar e você pensa "é isso." e é estúpido e feio e incompleto porque você nunca fez nada mesmo não sabendo o que deveria ter feito e o desespero cresce e você pensa que talvez seja isso que faça você afundar. é um desespero e um pavor e uma tristeza absurda e toda a incapacidade do mundo e isso faz você querer chorar como se não pudesse acontecer nada pior, mas você continua afundando e voltando e tentando escontar a ponta do pé no chão e só, por favor, deus, não me deixe morrer.você sabe, mas ainda é uma surpresa quando se pensa sobre mais tarde, que quando você consegue colocar os pés no chão outra vez o que você sente não é o alivio dos filmes e você não passa a ver a vida tão diferente do que via antes. você se sente estúpido e com medo e sabe que foi longe demais e se sente envergonhado porque mesmo sem estar tentando você fracassou e ai você se sente feliz por ninguém ter visto, mas triste porque isso prova, não é mesmo? prova que não havia ninguém e tudo dói dói dói.
você caminha até a borda, senta e chora. chora porque dói e é estúpido, você sabe, mas ainda assim chora aquele choro feio de soluços e caretas incoscientes e dor.




~*~


everything hurts and you don't know why.
everything hurts and you try to get drunk so you won't have to think about it.


~*~

everyone knows everything but you're unable to be a part of it or to have a little piece of this knowlegde.


~*~


you don't like going to sleep and you hate waking up.
yet, you hide in your bed all the time.


~*~

you just cannot stand people. you wish you could but evertyime you think about them you get angry 'cause people do all sort of stupid things and don't even feel sorry about it. you know everybody knows it too.
you don't know what's wrong with you.

ecos

Vezenquando você levanta de manhã como se deixasse um pedaço de si mesmo na cama. Um pedaço pequeno, escondido entre os lençóis. Um pedaço que acabará, invevitavelmente, escorregando para baixo da cama e sendo esquecido para sempre. Ou pelo menos até você perceber o que está faltando e aprender onde é que aquele pedaço cheio de pó encaixa.
Vezenquando você nem levanta de manhã porque você sabe que terá perdido pedaços demais até chegar ao banheiro antes mesmo de poder dizer a si mesmo que deve ir em frente enquanto evita seus olhos no espelho.

Atrasos.

Todo o cansaço de si mesma espalhava-se por seu corpo devagar, sendo aos poucos regado pelo sangue filtrado.

Sístole.

A vida pára.

Diástole.

Ei, você perdeu a chance. Sinto muito, entre na fila novamente.

O tédio antigo de muitos domingos desocupados cobria tudo, inclusive ela, como uma fina e irremovível camada de poeira. Mas poeira nunca pareceu pesar tanto como aquela exaustão da própria vida pesava sobre sua cabeça, forçando-a para o chão ou abaixo dele, não sabia. Apenas esticava as pernas sobre as almofadas macias e espreguiçava-se, mexendo-se lenta sob pressão de ser.

Fingia.

Seus dedos procuravam em vão pelos bolsos algum resto de amor próprio sempre perdido nunca encontrado. Suspirava, desejando fumar, mas não havia cigarro. Lembrava-se de ter fumado o último enquanto esperava o ônibus, amassada entre ocupações e atrasos, entre pessoas e pessoas.

Monstros.

Não aceitava que sua própria espécie pudesse causar-lhe tanto nojo e desprezo.

Não queria.

Sentia-se monstruosa nas manhãs eternas das segundas-feiras. Cansada de ser apenas ou cansada de fingir que nunca fingia.

Fumava.

Um ou dois, talvez, nove ou dez cigarros rápidos e estressados enquanto se re-adaptava ao caos diário. Tremia, tremia muito enquanto tinha uma vida. Conversava, mentia, aceitava. Nada seria ou teria sido como algum dia ela esperou.
Sístole.

Você cansa.

Diástole.

Você é jogado de volta.

are you happy with yourself?

Escovava os dentes amarelados de tantos cigarros e cafés e pensava que tinha olhos de fracassado. Talvez fosse, mas não tinha certeza.
Ainda era cedo, costumavam dizer, ainda era cedo e há uma vida inteira pela frente. Nada é definitivo, então escove os malditos dentes e vista-se para ir procurar um bom emprego. Cuspiu a água cheia de espuma na pia e pensou em fazer a barba, mas não agora, não às três da tarde de uma segunda-feira quente, não aquela altura de uma vida perdida. Jogou água gelada no rosto e se encarou outra vez no espelho, vendo seu rosto pálido e molhado sem nenhuma expressão. Puxou a toalha fina e secou-se, jogando-a sobre o armarinho do banheiro, sem qualquer preocupação, batendo a porta e correndo os olhos pelo apartamento de dois cômodos que era tão caro para algo tão pequeno, mas estamos na capital, meu bem. O custo de vida não é para você, você devia ter ficado lá, na casa da sua mãezinha enquanto fingia que era um escritor de uma cidade interiorana qualquer.
Ele suspirou.
Precisava de café, mas sabia que todo o pó havia acabado numa dessas noites insones em que ficava observando a vida da metrópole da janela de seu pequeno apartamentinho de aluguéis atrasados. Precisava de café e, talvez, de uma vida, mas não tinha certeza se encontraria algo decente nas parateleiras mal cuidadas do mercadinho da esquina. Pegou o jeans velho da guarda da cadeira, tateando os bolso atrás de dinheiro. Não encontrou nada e jogou-se no sofá-cama não tão macio assim, sentindo as costas doerem logo em seguida. Tateou o maço de cigarros do lado do sofá e o isqueiro.
Acendeu e, por um momento, esperou. Não sabia pelo que, mas sabia que não aconteceria. Tragou com força e quase desespero, expulsando o gosto da pasta de dentes barata enquanto soprava devagar a fumaça do último cigarro.
vezenquando tudo parece tão vazio e tão estranho e tão errado como se todas as coisas estivessem fora do lugar. como se você estivesse fora o lugar. e você se sente mal por se sentir mal porque você tem amigos incríveis que se importam com você e que você nunca sequer sonharia com o que você fez para merece-los, mas deve ter sido algo muito certo e ainda assim tudo que você quer fazer é correr e se esconder em um canto escuro dentro do guarda-roupa e chorar e gritar e sofrer sozinho até que alguém te encontre e cuide de ti e diga que todas aquelas coisas todas elas tem um lugar certo para estar

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Não estou tão preocupada assim com o futuro; se as profecias estiverem corretas, a humanidade está virando o Cabo da Boa Esperança, mesmo. O que me preocupa é que as mesmas profecias estão valendo desde a Idade Média. Mas acho que agora vai. Agora vai. Ok que eu estou esperando que muitas coisas aconteçam há muito tempo, mas esse é o segredo. Certo? Certo.